Cruzamento de dados de diferentes exames permite ordenar as informações
NITERÓI – Nas salas do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) está em fase final um projeto que permitirá o diagnóstico antecipado de demência, Alzheimer e perdas cognitivas leves por meio do uso de um aplicativo. A coordenadora do projeto intitulado SiADE (Pesquisas em Sistemas de Apoio à Decisão e ao Diagnóstico de Doenças Associadas ao Envelhecimento) é a professora Débora Christina Muchaluat Saade com apoio da colega Aura Fontes. A intenção é torná-lo acessível a profissionais da rede pública de saúde.
O software é um modelo inteligente capaz de funcionar em dispositivos móveis e computadores com aceso à internet. Ele aponta diagnósticos por meio da análise de dados de uma série de exames de um paciente. O trabalho apresenta as informações em forma de gráficos e a partir daí chega a um resultado, que só poderá ser utilizado por profissionais da área médica para garantir o sigilo do indivíduo avaliado.
— A ideia é ser um concentrador de informações, que seja útil para quem acompanha o paciente. Para que o profissional inclua exames já feitos e saiba o que ainda é preciso fazer. Já existem aplicativos que auxiliam os médicos, mas nenhum capaz de organizar resultados e, a partir disso, apontar um diagnóstico — explica Débora.
O projeto começou a ser pensado com uma tese do aluno Flávio Seixas, que desenvolvia o mesmo princípio do SiaDE só que com o uso de dados de ressonâncias do crânio — não disponíveis pela rede pública. Como os primeiros dados coletados são de exames de pacientes idosos do Centro de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento do Rio (Cedepes), localizado na Gávea, foi preciso repensar o método de captação de informações:
— Quando percebemos a realidade dos pacientes, que nem todos tinham as ressonâncias, vimos que era preciso projetar algo que se baseasse em outros exames, mais baratos e fáceis de fazer e também com dados gerais, como sexo e idade por exemplo — explica a coordenadora do SiADE, acrescentendo: — Apontar o início de uma doença de perda cognitiva com antecedência é extremamente positivo. Na maioria das situações é possível tratar antes que se percebam os avanços.